domingo, 12 de outubro de 2008

...

eis aqui mais uma vez o meu grito
meu grito mudo,
já que são todos surdos.
de que me adiantaria usar a voz?
já não vale a pena me ouvir.
já não pergunto mais.
eu ouviria a mesma resposta,
que eu sei que é a correta,
e que eu ignoro por pura estupidez,
então me calo.
até mesmo porque se continuasse a falar
não me ouviríeis.
minha voz lamentosa,
meu choro doloroso,
se tornaram algo secreto.
até quando grito o faço em silencio.
o meu grito eh silencioso pq ngm pode ouvir, 
eh secreto pq não podem saber, 
mas a dor se alastra... 
dor dor, imensa, tão grande quanto sua razão.
sufoca! 
as lagrimas inundam meu rosto, 
sem som algum emitirem, 
pq ngm pode saber do meu choro, 
corrói... não acho justo. 
Por que eu? por que eu não? a dor!
posso eu arrancar meu coração?
e as lagrimas secam, se esgotam, 
de tanto que caem, cansam. 
e não há ninguem aqui comigo... 
só a dor me acompanha...
volto a rir, pra que não desconfiem,
volto a distância, pra não me apegar demais.
volto a machucar os outros,
pra que não me machuquem,
volto a frieza, pra não chorar por calor
volto a me defender da minha propria essência,
dos meus proprios sentimentos.
lembrei agora que só eu posso me suportar e
que só eu sou obrigada a isso,
e meu choro se torna seco.
meus olhos impiedosos e desdenhosos
e nada disso é por maldade,
é por defesa!