quarta-feira, 28 de julho de 2010

Olhos do Caos

De um lado pro outro, corre

Não pára pra pensar,

Não pensa pra dizer,

Não diz pra fazer,

Faz!

Sente apenas

Vê a bagunça. Arruma.

Ela já chorou

Ela já pensou

Ela já impediu.

Ela levou um tempo

Mas arrumou a bagunça

Ela levou um tempo

Mas arrumou o pensamento

Levou tempo demais

Preocupando-se

Levou tempo demais

Contendo-se

Passou tempo demais

Perdida numa escuridão

Achava que era o caos

Achava que sua vida era um caos

O fio de força nunca lhe abandonara

E foi o que bastou pra abrir os olhos

E tudo estava limpo

Abriu os olhos

E não era mais difícil.

Abriu os olhos

E tudo estava no lugar correto.

Abriu os olhos

E enxergou o caminho

E no meio do caminho

Abriu os olhos e viu

Outros olhos,

Verdes!

E depois de levar tanto tempo

Arrumando

Depara-se com o caos novamente

E bagunça tudo de novo,

Mas ela conhece o caminho

Os olhos castanhos estão abertos

Os verdes é que parecem ainda não enxergar

Os verdes parecem não querer abrir-se demais

Seria medo da luz?

Os olhos verdes são belos

Se refletissem a luz

Ainda mais belos seriam

Ela atreve-se a olhar,

As engrenagens amêndoas

Dentro dos olhos verdes do caos

E o mundo volta a bagunçar

Engrenagens hipnóticas.

Estava tudo tão arrumado

Estava tudo tão controlado

E eis o caos dos olhos verdes,

Os olhos verdes de anéis amêndoas

Que bagunça! E bagunça.

Mas não põe medo mais.

Mas a bagunça já não preocupa mais

Já não há mais medo em abrir os olhos,

E seguir o resto do caminho

Entrega-se ao caos, mesmo que

Só por alguns momentos

Mesmo que só por um raiar de sol

Entrega-se, sem pensar no dia seguinte

Sem saber o fim.

Sem se preocupar.

E o caos não é concreto

É abstrato e incerto,

E indomável.

E ela olha as esmeraldas

De anéis amarelados

E deseja sem se importar

Com o próximo dia

As toma pra si

Só por aquele momento

Porque ela sabe que

Não pode perdê-las

Porque não as tem

Mas as deseja.