De um lado pro outro, corre
Não pára pra pensar,
Não pensa pra dizer,
Não diz pra fazer,
Faz!
Sente apenas
Vê a bagunça. Arruma.
Ela já chorou
Ela já pensou
Ela já impediu.
Ela levou um tempo
Mas arrumou a bagunça
Ela levou um tempo
Mas arrumou o pensamento
Levou tempo demais
Preocupando-se
Levou tempo demais
Contendo-se
Passou tempo demais
Perdida numa escuridão
Achava que era o caos
Achava que sua vida era um caos
O fio de força nunca lhe abandonara
E foi o que bastou pra abrir os olhos
E tudo estava limpo
Abriu os olhos
E não era mais difícil.
Abriu os olhos
E tudo estava no lugar correto.
Abriu os olhos
E enxergou o caminho
E no meio do caminho
Abriu os olhos e viu
Outros olhos,
Verdes!
E depois de levar tanto tempo
Arrumando
Depara-se com o caos novamente
E bagunça tudo de novo,
Mas ela conhece o caminho
Os olhos castanhos estão abertos
Os verdes é que parecem ainda não enxergar
Os verdes parecem não querer abrir-se demais
Seria medo da luz?
Os olhos verdes são belos
Se refletissem a luz
Ainda mais belos seriam
Ela atreve-se a olhar,
As engrenagens amêndoas
Dentro dos olhos verdes do caos
E o mundo volta a bagunçar
Engrenagens hipnóticas.
Estava tudo tão arrumado
Estava tudo tão controlado
E eis o caos dos olhos verdes,
Os olhos verdes de anéis amêndoas
Que bagunça! E bagunça.
Mas não põe medo mais.
Mas a bagunça já não preocupa mais
Já não há mais medo em abrir os olhos,
E seguir o resto do caminho
Entrega-se ao caos, mesmo que
Só por alguns momentos
Mesmo que só por um raiar de sol
Entrega-se, sem pensar no dia seguinte
Sem saber o fim.
Sem se preocupar.
E o caos não é concreto
É abstrato e incerto,
E indomável.
E ela olha as esmeraldas
De anéis amarelados
E deseja sem se importar
Com o próximo dia
As toma pra si
Só por aquele momento
Porque ela sabe que
Não pode perdê-las
Porque não as tem
Mas as deseja.