terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Você

Você que me põe num altar

E não consegue me amar

Por não chegar até mim

Me toca inteira

Mas de nenhuma maneira

Aproxima seu coração

Tenta adivinhar

Tudo o que eu vou falar

E constata erro no fim

Você que me põe na cadeira

Faz-me desordeira

E depois me diz “não”

Me deixa sem ar

E que me faz desmontar

Em lençóis de cetim

Atira-se a quem queira

Mas volta e me cheira

E diz que é sem intenção.

Você que até erra o traço

Mas não perde o compasso

No caminho pra me achar

Você que me vê tão exata

Faz-me insensata

Tira-me a razão

Você que não cria laço

Invade meu espaço

Sem desejo de ficar

Meu desejo acata

E minha volúpia desata

Sucumbe a paixão

Você que num ultimo abraço

Se refaz do cansaço

Mas insiste em me deixar

sábado, 4 de dezembro de 2010

Aleatório

Escrevendo aos poucos

Detalhes separados

Destinos cruzados

Tornam-nos tão loucos

Razão perdida

Idéia interrompida

Retalhos de texto

Relato funesto

Fagulhas pingadas

Do brilho da vida

Estradas cruzadas

Clichês sem saída

Estrela cadente

E criança inocente

Juntando pedidos

Seguindo ruídos

Em becos escuros

Finais encontrados

Por trás desses muros

E dos olhos cerrados

Mas não se desprende

O ciclo infinito

Nem sempre bonito

Não se compreende

Do que isso se trata?

E que historia relata?

Virado ao avesso

Sem fim nem começo

domingo, 21 de novembro de 2010

Esquecer-te, deixar-te, perseguir-te



Mato a fome que me consome

Mato o tempo que me foi dado

Mato a sede que agonia

Mato a curiosidade que angustia

Somente A saudade de ti

Que não me é permitida matar

O desejo de ver-te

Não me é permitido realizar

Contenho as lagrimas

Pra enganar-me

Forte quero parecer,

Não pro mundo

Nem pra você,

Mas eu mesma quero acreditar

Que forte sou,

E não me permito chorar

Ao menos não por ti,

Que a mim renunciaste

Mas acho pequenas outras coisas

As quais dedico meu pranto,

Isso quando ele vem.

Contenho As lagrimas

Pra forçar-me

A não sentir e não cair

A não pensar e não falhar

Nessa tentativa vã

De tirar-te de meu pensamento

O ócio, companheiro inútil

Na arte de esquecer-te

Perseguir-te torna-se um habito

Nas minhas tardes desocupadas

Olhar-te estático no retrato

Sem teu cheiro sentir

Ler suas palavras num relato

Sem tua voz ouvir

É maneira de me sentir perto

Mesmo que me lembre da distancia

Nessa paradoxal tortura

A qual me disponho

Apenas pra prender-te

Um pouquinho mais dentro de mim

Não deixas minha mente

Não deixas vago o meu coração

Embora tenhas há muito deixado.

No fundo eu sei que é egoísmo

Querer lembrar-te de mim

Só porque de ti não esqueço.

Espero que releve

Minha insistência e perseguição

A culpa é toda da paixão

Que me despertastes e agora

Obrigas-me a deixar ir embora.

domingo, 10 de outubro de 2010

noite de homem só

Que a luxuria não me atraia

E minha mente não me traia

Nos hiatos dessa historia

Nas horas de pouca gloria

Onde me encontro com a carência

E perco um pouco da decência

Misturo-me com a escória

Procurando uma vitoria

Que seja régia ou vadia

Mas traga-me alegria

Que seja paga ou emprestada

Mesmo que seja roubada

Aceito de bom grado

Este romance encenado

É nessa ilusão que crio

Que passo os dias vazios

De quando você me deixa

E partindo se queixa

De não ser mais tão amada

Ou por não ser tão desejada

Mas me mata a abstinência

Causada por tua ausência

Persigo paixões falsas

Sem o glamour das nossas valsas

Tento achar substituta

Não é nobre minha conduta

É o caminho que eu faço

Quando é vago o teu espaço

Ao meu lado em nossa cama

Fazes falta, minha dama.

E sozinho mais uma noite findo

Olhando a lua partindo

E trazendo o amanhecer

De mais um dia sem você.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Insonia

Dos sons da noite o mais alto
É o meu pensamento
Que chama seu nome
Que morre de fome
Que busca alimento
Nas lembranças escassas
Me sirvo em taças
De doces memórias
São imagens gravadas
Passagens narradas
Nossas breves historias
Dos sons da noite o mais alto
É o meu pensamento
Que clama tua presença
Que deseja recompensa
Por ocupar-se só de ti
Mas a solidão me atinge
E a minha mente finge
Apagar o que senti
Pra enganar meu coração
E criar a ilusão
De que nao sinto sua falta
Pra que eu possa adormecer
E por pouco me esconder
Da saudade que me assalta

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Saudade e o Tempo

Meu tédio é tua ausência

E eu me esqueço da decência

Na hora de te contar

Da saudade que se forma

Do desejo que me toma

De ouvir você falar

Ritmado como um canto

E eu, que gosto tanto

Do som doce da sua voz

E da sua risada alta

Penso, sinto a sua falta!

E o tempo contra nós

Tempo que passa arrastado

Quando não estou do teu lado

Tempo que corre ligeiro

Sempre que estou contigo

Meu amante ou meu amigo

É tão gostoso o teu cheiro!

E sempre que eu te vejo

É imensurável o desejo

De que o tempo então congele.

E o medo da saudade

Que gera tanta ansiedade

Por sentir de novo a tua pele.

E cada nova despedida

Faz-se um pouco mais doída

Por eu ter que me apartar

De quem habita meu pensamento

E faz o tempo correr mais lento

Por eu ter que esperar

E a saudade faz com que eu peça:

- Tempo, corre depressa!

Para que o dia chegue logo

Chegue logo esse dia

Que não agüento a agonia

A quem ouvir eu rogo

Que não demore muito mais

Porque isso não se faz,

É muito tempo sem te ver!

aceitação

E eu não quero simplesmente
Caber numa veste
Eu não quero ser encaixada
Não desenhe pra mim
Um vestido de festa reluzente
Quero me apresentar nua

Olhe pra mim
E pro que eu sou
Não procure em mim
Faces já pintadas
Não queira encaixar em mim
Figuras entalhadas
Não tente me aprisionar
Em molduras já pregadas

Não quero simplesmente
Passar no teste
Não quero ser examinada
Não prepare pra mim
Um modelo permanente
Troco as fases como a lua

Olhe pra mim
E pro que eu te ofereço
Não exija de mim
Mais do que o meu apreço
Eu sou assim
Exatamente como pareço
Não queira me ajustar
Não me vire do avesso

E eu não quero simplesmente
Sanar a sua peste
Não quero ser só usada
Não espere de mim
Um auxilio competente
Minha habilidade é ainda crua.

Então

Olhe pra mim
Só pelo que eu sou
Não pelo que posso ser
Queira de mim
O que eu já te dou
Não tente me prever
Não venha me padronizar...

...E goste de mim
Mas só se quiser gostar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Olhos do Caos

De um lado pro outro, corre

Não pára pra pensar,

Não pensa pra dizer,

Não diz pra fazer,

Faz!

Sente apenas

Vê a bagunça. Arruma.

Ela já chorou

Ela já pensou

Ela já impediu.

Ela levou um tempo

Mas arrumou a bagunça

Ela levou um tempo

Mas arrumou o pensamento

Levou tempo demais

Preocupando-se

Levou tempo demais

Contendo-se

Passou tempo demais

Perdida numa escuridão

Achava que era o caos

Achava que sua vida era um caos

O fio de força nunca lhe abandonara

E foi o que bastou pra abrir os olhos

E tudo estava limpo

Abriu os olhos

E não era mais difícil.

Abriu os olhos

E tudo estava no lugar correto.

Abriu os olhos

E enxergou o caminho

E no meio do caminho

Abriu os olhos e viu

Outros olhos,

Verdes!

E depois de levar tanto tempo

Arrumando

Depara-se com o caos novamente

E bagunça tudo de novo,

Mas ela conhece o caminho

Os olhos castanhos estão abertos

Os verdes é que parecem ainda não enxergar

Os verdes parecem não querer abrir-se demais

Seria medo da luz?

Os olhos verdes são belos

Se refletissem a luz

Ainda mais belos seriam

Ela atreve-se a olhar,

As engrenagens amêndoas

Dentro dos olhos verdes do caos

E o mundo volta a bagunçar

Engrenagens hipnóticas.

Estava tudo tão arrumado

Estava tudo tão controlado

E eis o caos dos olhos verdes,

Os olhos verdes de anéis amêndoas

Que bagunça! E bagunça.

Mas não põe medo mais.

Mas a bagunça já não preocupa mais

Já não há mais medo em abrir os olhos,

E seguir o resto do caminho

Entrega-se ao caos, mesmo que

Só por alguns momentos

Mesmo que só por um raiar de sol

Entrega-se, sem pensar no dia seguinte

Sem saber o fim.

Sem se preocupar.

E o caos não é concreto

É abstrato e incerto,

E indomável.

E ela olha as esmeraldas

De anéis amarelados

E deseja sem se importar

Com o próximo dia

As toma pra si

Só por aquele momento

Porque ela sabe que

Não pode perdê-las

Porque não as tem

Mas as deseja.